Com a voz abalada pelo trabalho
diário na Rio-2016, Galvão foi poupado no pré-jogo. Em vez de comandar a
conversa com os comentaristas da emissora, o papel coube ao repórter
Tino Marcos.
As referências ao 7 a 1, claro, deram
o tom da transmissão. Primeiro, ainda no pré-jogo, com uma negação. “O
jogo de hoje não tem nada a ver com o 7 a 1”. E logo aos 5 minutos com
uma alerta quase desesperado: "Lá vem a Alemanha, segura os caras! De
novo não."
Mesmo quando não havia necessidade de
evocar o maior desastre da história do futebol brasileiro, Galvão fez
questão de colocar o assunto em pauta. Analisando as estatísticas, ele
observou: “Ô 7 a 1 que não larga a gente. Setes faltas da Alemanha e uma
do Brasil”.
O narrador evocou todos os seus
clichês clássicos, a começar do “ele é perigoso”, falando de um atacante
alemão, que ficou célebre na narração do gol de Kanu, que deu a vitória
para a Nigéria, contra o Brasil, nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996.
Empolgado,
depois do gol de Neymar, Galvão chamou Usain Bolt de “brasileiraço”, ao
ver o corredor jamaicano torcendo no Maracanã, mandou alguém “dar um
beijo” na trave que impediu três gols da Alemanha no primeiro tempo e
enviou um recado para dona Josefa, mãe do goleiro Weverton: “Seu filho
tá brilhando”.
Assim que terminou o primeiro
tempo, Galvão deu o tom de como seria a narração dos 45 minutos
seguintes: “Haja coração!” Com a bola em jogo, tentou acelerar o
cronômetro: “Já temos 6 minutos. E é bom que o tempo passe rápido
mesmo”.
Infelizmente, as preces de Galvão não foram ouvidas. Aos 12 minutos, Meyer empatou o jogo.
Como
sempre faz quando está tenso, Galvão passou a dar instruções para os
jogadores: “Tem que reagir rapidamente, não pode deixar a Alemanha
gostar do jogo”, avisou. “Tira daí. Vale ouro. E marca a saída de
bola”. Ou, então: “Parte pra cima deles. Não deixa esfriar o jogo.” Ou:
“Aperta! Vamos que dá! Dá pra tirar!”
Ao fim do
tempo normal, Tino Marcos reassumiu o comando da transmissão: “Galvão
deu uma saidinha da cabine”, informou o repórter. “Ninguém é de ferro.
Fui respirar”, avisou o narrador ao retornar.
Depois
de um ataque perigoso da Alemanha no primeiro tempo da prorrogação,
Galvão confessou: “Essa eu tive que respirar fundo”. Logo depois: “É
jogo para estar com o coração saudável”. Faltando sete minutos para o
fim: “O jogo é dramático, dramático, dramático. Haja coração!”
Durante
a disputa de pênaltis, Galvão ainda se lembrou de evocar Taffarel e
disse que Weverton vestiu a camisa do goleiro campeão do mundo em 1994.
"Agora, vão ter que me engolir"
O
comentário de Neymar, ao final da partida, lembrando frase famosa de
Zagallo, mexeu com os brios de Galvão, Casagrande e Junior. "Agora, vão
ter que me engolir", disse o capitão da seleção brasileira, em sua
primeira declaração, numa referência que foi entendida como resposta às
críticas que a equipe da Globo fez à seleção olímpica no início da
campanha na Rio-2016.
Foi de Casagrande a melhor
reação: "Eu quero engolir o Neymar". Júnior se justificou, dizendo que
as críticas foram importantes e ajudaram a seleção a melhorar.
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